Trama da Band ficou marcada por retorno de veterana afastada das novelas há 23 anos como personagem enfrentando o mal de Alzheimer
Publicado em 12/05/2025, às 15h23
Em 12 de maio de 2008, há 17 anos, a Band estreava Água na Boca como sua nova novela transmitida na faixa das 20h15. Escrita por Marcos Lazzarini, a trama abusava do universo gastronômico para construir um romance leve e divertido. No núcleo dramático, a emissora resgatou Berta Zemel, atriz que estava afastada de novelas há 23 anos, para viver uma personagem com Alzheimer.
Entre as massas italianas e sobremesas sofisticadas de Água na Boca, um núcleo em especial trouxe densidade e emoção à trama: o da personagem Maria Bellini, uma senhora que começava a dar os primeiros sinais do mal de Alzheimer. Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a personagem foi interpretada por Berta Zemel e marcou não apenas o drama da novela, mas também o retorno da atriz às telinhas após 23 anos afastada do gênero.
A doença da personagem, como resgata Xavier, era sutilmente revelada por meio de pequenos esquecimentos, lapsos de memória e uma constante fascinação pelo passado — elementos que, segundo o autor, buscavam informar e alertar o público. “A informação do processo e seus primeiros indícios são fundamentais para que as pessoas fiquem atentas”, afirmou Lazzarini à época em um trecho de entrevistada compartilhado pelo Teledramaturgia.
Embora vendida como uma novela leve e apetitosa, Água na Boca enfrentou desafios para manter a audiência conquistada por sua antecessora, Dance Dance Dance, que tinha um apelo jovem e musical. De acordo com Xavier, o tom inicialmente mais cômico e romântico da trama passou por ajustes ao longo da exibição, ganhando contornos mais dramáticos para ampliar o alcance da história.
Ainda assim, a novela se manteve fiel à proposta de explorar o universo gastronômico como pano de fundo, investindo em cenários ricos em detalhes culinários — como os restaurantes de diferentes origens e o colorido Mercadão paulistano.
A presença do núcleo dramático de Maria Bellini funcionava como um contraponto emocional à leveza dos triângulos amorosos e das brigas entre chefs. A personagem da avó de Luca, interpretada por Daniel Ávila, oferecia à narrativa um toque de realismo e empatia.
Segundo o Teledramaturgia, foi justamente esse equilíbrio entre humor, amor e dor que Del Rangel, diretor-geral de dramaturgia da Band na época, destacou ao definir a obra: “As mudanças de tom, pausas e reações são tão importantes quanto as falas porque evidenciam o humor na trama”.
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