Em entrevista à Contigo! Novelas, Paolla Oliveira falou sobre sua preparação para dar vida à Heleninha em Vale Tudo, nova novela das nove da Globo
Na ar no remake de Vale Tudo, Paolla Oliveira diz que foi cara de pau de pedir para fazer o teste para dar vida à Heleninha. Papel conquistado, a atriz reflete, em entrevista à Contigo! Novelas, sobre a importância de abordar no horário nobre da TV Globo o alcoolismo sob o ponto de vista feminino.
Esse é trabalho que deve ser comemorado, né?
"Demais! É uma grande novela, é comemoração de 60 anos da Globo, essa emissora que foi meu grande palco. São muitas comemorações. Esse personagem então... vou comemorar e vibrar tanto com ela ainda. Ela é tão profunda, tão densa, tão necessária ainda depois de 30 anos".
Como Heleninha chegou até você?
"Essa história, talvez, possa fazer com que as pessoas que não são pensadas para as coisas ou que talvez estejam meio assim para ir atrás dos sonhos, fiquem mais fortes. Eu nunca sou pensada para as coisas. Não fui pensada para fazer Danny Bond na minissérie Felizes para sempre, não fui pensada para fazer o filme Papai é pop. Até fui, mas num ‘Será que consegue?’ E com a Heleninha não foi diferente. É bom quando o desafio chega. Eu perguntei se podia fazer o teste, o teste veio e aqui estamos. Vale a pena a gente tentar, se arriscar. A minha carreira foi toda em cima de estar se arriscando, de não se acomodar, não se conformar com o que simplesmente me dão. É mais um degrau da minha carreira, aliás, um belo momento que eu vivo. Estou muito orgulhosa desse momento, mas, mais uma vez, foi arriscando. E eu desejava construir novos personagens, dar vazão à minha arte, me renovar. Ganhei o meu personagem, Heleninha".
Muita gente se surpreendeu quando soube que uma atriz do seu tamanho teve que fazer teste.
"Eu pedi para fazer o teste, acho que é uma maneira muito honrada, válida e justa para se entrar num trabalho. É justo que as pessoas que vão te escolher tenham a opção de te ver naquele personagem nem que seja por um dia. Fico muito feliz que tenha sido essa a entrada e que tenha sido um pedido muito cara de pau da minha parte. Não acredito que as coisas tenham que cair no seu colo assim e você ficar sentada esperando. Nada na minha vida consegui assim. Então, mais uma vez o movimento foi feito, poderia não ter dado certo, mas como deu, agora tenho que honrar o lugar que conquistei, um lugar que muita gente desejava dentro desse trabalho grandioso e fazer por onde, para que ele seja um sucesso".
Por que acha que a história da Heleninha é tão necessária nos dias de hoje?
"É a necessidade de falar da gente, da gente se identificar e falo da novela como um todo. As nossas novelas têm essa característica, da gente se olhar e ver o nosso Brasil projetado ali. E isso é na moda, nos conflitos... E aí quando a gente vem para Heleninha, a gente tem uma personagem densa, profunda. Hoje a gente consegue saber que ela é doente, a gente tem essa consciência".
Antes não tinha?
"Há 30 anos atrás a gente conseguia rir de determinadas situações que hoje seria impossível. Então vou ficar muito feliz se esse personagem levantar questões. Se a gente, ao invés de colocar essa personagem distante, a alcoólista distante, a gente consiga aproximar ela mais. A gente vive tempos muito complexos, muitas coisas melhoraram nesses 30 anos que se passaram, mas muita coisa também piorou. Estamos vivendo uma era com muitos transtornos psicológicos, uma busca por aliviar desconfortos do mundo, e cada vez aparecem mais formas para isso. O álcool é uma dessas opções e é uma droga tão presente e próxima de todos nós. Nem todos são doentes como a Heleninha, mas acho que vai ser legal debater uma droga que está tão próxima da gente, que a gente não precisa ir buscar longe. Quando a gente fala ‘foi numa boca de fumo fazer isso’, a gente se distancia, mas quando ela está muito perto da gente, que a gente faz uso, mas que talvez a gente não tenha consciência isso é diferente. E também faz muito sentido falar dessa doença na pele de uma mulher. Há 30 anos isso já era uma modernidade, mas ainda é".
Conheceu mulheres que enfrentam essa doença?
"Eu estive em reuniões durante a minha preparação, em reuniões mistas, mas estive também em reuniões do AA (Alcoólicos Anônimos), que aliás, fui muito bem recebida. Eles abriram um espaço que é muito individual e precioso para eles. Eu estive em reuniões também só de mulheres e vi o quanto além da doença, elas ainda têm o estigma de ser mulheres. O quanto a moral pega mais para elas, o quanto as mães sofrem mais por isso do que os homens. O sofrimento delas será eterno das coisas que já fizeram por conta da doença. Heleninha é uma grande personagem, para além do problema que ela tem, de ser alcoolista. É uma mulher tentando viver nessas brechas da doença. Isso é o que tem me encantado mais nela".
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