Contigo!
Busca
Facebook Contigo!Twitter Contigo!Instagram Contigo!Youtube Contigo!Tiktok Contigo!Spotify Contigo!
Novelas / Em 1977

Tupi mudou trama para evitar conflito com agenda de shows de protagonistas há 48 anos

Novela ficou marcada na Tupi por ter como casal protagonista dois grandes nomes da música brasileira que fizeram sucesso nos anos 1970

A cantora Vanusa foi estrela de Cindera 77 - Divulgação/Tupi
A cantora Vanusa foi estrela de Cindera 77 - Divulgação/Tupi

De maio a agosto de 1977, há 48 anos, a extinta TV Tupi, pioneira do mercado televisivo brasileiro, apresentou Cinderela 77 como sua novela do horário das seis. Escrita porWalther Negrão e Chico de Assis, a trama foi protagonizada pelos cantores Vanusae Ronnie Von. Com os artistas como personagens principais da história, a emissora precisou mudar o enredo para evitar conflito com agenda de shows da dupla.

Fim de um ciclo

Como recorda o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, Cinderela 77 foi, ao mesmo tempo, uma despedida e um experimento: a novela foi a última produção do horário das seis da TV Tupi, e a única da faixa gravada em cores, a novela ousou ao misturar elementos clássicos com a cultura pop brasileira dos anos 1970.

A narrativa era livremente inspirada na história da Cinderela, mas trazia elementos modernos, personagens conscientes de sua própria ficção e uma estrutura narrativa que começava com o final do capítulo, subvertendo a expectativa do público. De acordo com Xavier, o texto criativo de Negrão e Chico de Assis escondia, ainda, uma fragilidade estrutural: a produção da Tupi, então em crise, investiu pouco nos recursos visuais da trama.

Estrelas no elenco

Para dar vida à versão musicalizada e moderna da história, a emissora escalou Vanusa como a Cinderela loira e cantante, e Ronnie Von como o príncipe — título que o cantor já carregava desde os tempos da Jovem Guarda. A escalação, apesar de carismática, logo se revelou um desafio.

O Teledramaturgia destaca que, como ambos mantinham uma agenda ativa de shows e compromissos musicais, a novela precisou adaptar seu roteiro com soluções criativas para cobrir a ausência dos protagonistas em estúdio. O casal chegou a ser transformado em crianças por uma bruxa dentro da narrativa, permitindo que atores mirins assumissem os papéis temporariamente.

Improvisos criativos

Para driblar a instabilidade dos bastidores e a ausência dos protagonistas, os autores apostaram em uma abordagem que mesclava surrealismo, contos de fadas e metalinguagem. Segundo o próprio Walther Negrão, em uma entrevista resgatada por Xavier, a novela era “tão moderna que só as crianças conseguiam entender”.

Cenas finais eram mostradas no início dos capítulos, os resumos do episódio seguinte muitas vezes não eram exibidos, substituídos por avisos em off que incorporavam a falta como parte da brincadeira narrativa. O clima era de liberdade criativa, mas também de improviso constante, já que a novela era gravada sob limitações técnicas e orçamentárias impostas pela crise financeira da Tupi.

Momentos marcantes

Apesar das dificuldades, Cinderela 77 também foi palco de estreias importantes. O ator Ney Sant’Anna, filho do cineasta Nelson Pereira dos Santos, fazia ali sua primeira aparição em novelas. Também integravam o elenco nomes como Elizabeth Hartmann, em uma performance marcante como a madrasta cruel que perseguia a enteada e seu pombo de estimação, Rolando.

Mesmo com seus percalços e improvisos, Cinderela 77 permanece na memória como um experimento singular na teledramaturgia brasileira. A união de música, conto de fadas e criatividade sem amarras fez da obra uma peça única na história da televisão. 

Leia também: Ator de Celebridade morreu após complicações do mal de Parkinson

OSZAR »